
"Rompi minha crisálida.
Agora sou uma borboleta feliz e ansiosa que fia com urgência a sua história.
Sei que a minha existência é breve e preciso projetar para o mundo o tempo em que hibernei.
(...) É arriscado voar e é por isso que eu vôo (...).
Vôo para estar na aventura do vôo e vôo também pelas borboletas domesticadas que perderam a ousadia de voar.
Vôo, vôo sim.
Já tenho até na asa esquerda algumas violências de pássaro que não são nenhuma ilusão de ótica.
É ferida mesmo, marcas do bico de um predador que me avistou nas asas da descoberta e quis me prender.
Me feriu, mas em troca recebeu o gosto do meu veneno.
Não nasci para perpetuar apenas a doçura do néctar, a seiva que trago no corpo é também minha senha e minha arma.
Simples, a minha natureza é feita de círculos, de quebra de planos, de espirais.
Não tenho nada a ver com o vôo em linha reta, sou responsável por mim e pela aventura de outras borboletas, minha vida é transgredir.
Afinal de contas voar é com os pássaros, e inverter o rumo das coisas, migrar sem descanso no horizonte da procura, é com as borboletas.
Por isso a minha história, aconteça o que acontecer, só deve valer para quem sabe que toda verdade é sempre um pedaço de uma outra coisa e que o vôo mais urgente é revolucionar os jardins. "

..."Se não for para me fazer voar, nem tire os meus pés do chão"...
Nenhum comentário:
Postar um comentário